terça-feira, 25 de outubro de 2011

O SACRAMENTO DO MATRIMONIO



O cristianismo é um estilo de vida, não é meramente uma função social que cumprimos em manhãs de domingo, que é rapidamente esquecida quando deixamos a igreja. O Cristianismo deve ser para nós o nosso pão de cada dia, de domingo a domingo, de mês a mês, de ano para ano. Como seguidores de Cristo a nossa orientação e estilo de vida baseiam-se no exemplo de Cristo e da Igreja e não dos filósofos e das sociedades de hoje. A nossa opção por seguir o rumo de Cristo e não das ideologias da nossa sociedade deverá ser tão pronta e receptiva quanto a de Pedro e André quando "eram pescadores. E Ele disse a eles, acompanhem-me e Eu farei de vocês pescadores de homens. Imediatamente eles abandonaram suas redes e seguiram-no " (Mt 4,18-20).A grande maioria dos cristãos, casados ou solteiros, vive fora das comunidades monásticas. Existe um pensamento errôneo entre os cristãos leigos de que eles não necessitam ter a mesma dedicação que é exigida dos monges. Tanto monges quanto os leigos são igualmente chamados por Cristo para o arrependimento e salvação eterna. Não existem classes de cristãos, todos são iguais e todos são chamados a seguir Cristo, sem considerações sobre posição e desempenho dentro da Igreja.É extremamente difícil para os leigos viver um estilo de vida cristão, todos os dias, ano após ano, por estarem continuamente expostos e por viverem numa sociedade que não é somente não-cristã mas profundamente anti-ética em relação à fé e aos ideais cristãos ortodoxos. Isto não deverá desencorajá-los porque Cristo, Ele próprio, estava perfeitamente ciente disso, pois disse, "tenham cuidado, eu os mandei como ovelhas no meio dos lobos, sejam sábios como serpentes e inocentes como pombos " (Mt10,16).O casamento é uma fonte de força que se torna disponível aos cristãos e suas famílias para viverem uma vida cristã num meio adverso. Através do casamento todos os membros da família se tornam beneficiários de numerosas bênçãos de Deus.É comum os cristãos negligenciarem, ignorarem e até ridicularizarem o casamento - um estado de vida abençoado por Deus através do qual Ele concede bênçãos ao casal e seus filhos. O casamento foi abençoado por Deus na sua revelação ao homem, mas os membros da família deverão ser receptivos às bênçãos de Deus para que estas se tornem eficazes.O sacramento do matrimonio na Igreja Ortodoxa tem início com as palavras "Bendito seja o Reino do Pai e do Filho e do Espírito Santo agora e por todo o sempre dos séculos e séculos amém." Esta exclamação enfatiza tanto a seriedade do casamento como o seu objetivo. É o estabelecimento de um triângulo amoroso no qual - marido, mulher e Deus estão cada um no respectivo vértice. Com a vinda de Cristo, o casamento deixou de ter o seu objetivo único de reprodução de seres humanos, o que não obstante permanece muito importante. Cristo veio ao mundo e trouxe consigo a prova e garantia da Ressurreição dos mortos, assim dando ao casamento cristão um novo objetivo - o alcance da vida eterna pelo marido, mulher e filhos."Porque tamanho foi o amor de Deus pelo mundo que Ele deu seu Filho único, para que aquele que Nele acredita não seja destruído mas ganhe vida eterna. Porque Deus enviou seu Filho ao mundo, não para condená-lo mas para salvá-lo" (Jo 3, 16-17).Cristo, Filho de Deus, trouxe a vida eterna para aqueles que acreditam Nele e O seguem. A promessa de vida eterna não é uma promessa feita exclusivamente aos cristãos casados mas a toda a humanidade. Entretanto o principal propósito de um casamento cristão não é mais o mesmo do antigo conceito judaico. A mudança é por causa de..."Vós todos que fostes batizados em Cristo fostes revestidos de Cristo" (Gal 3,27). e "se alguém está em Cristo, é uma nova criatura. Acabaram-se as coisas velhas, eis que estão presentes as coisas novas" (2 Cor 5,17).Cristo estabeleceu a Igreja como veículo através do qual os homens alcançam a vida eterna. Para o estabelecimento da Igreja, Cristo devotou a Sua vida e a Sua missão. Ele morreu para estabelecer a Igreja, ressuscitou da morte e enviou o Espirito Santo do Deus Pai para guiar a Igreja até ao final dos tempos. O amor de Cristo por nós e pela Igreja, a nossa arca da salvação, é um amor absoluto, desprovido de qualquer egoísmo.O amor de Cristo pela Sua Igreja é o modelo do amor que marido e mulher devem partilhar dentro do matrimónio cristão. A melhor descrição quanto a esse respeito encontra-se na carta do apóstolo Paulo aos Efésios (5,21-33). "sede submissos uns aos outros no temor de Cristo. Mulheres sejam submissas aos seus maridos, como ao Senhor, porque o marido é o chefe da mulher, como Cristo é o chefe da Igreja, ele, o salvador do Corpo. Como a Igreja está sujeita a Cristo, assim as mulheres estejam sujeitas em tudo a seus maridos. Maridos, amai vossas esposas como Cristo amou a Igreja e se entregou a ela, para santificá-la e purificá-la pela água do batismo e pela palavra, e fazer com que comparecesse diante de si resplandecente, sem ruga nem mancha, ou algo parecido, mas santa e imaculada. Além disto, os maridos devem amar suas esposas como a seus próprios corpos. Quem ama sua esposa, ama a si mesmo, e nunca ninguém deixou de amar sua própria carne; pelo contrário, a alimenta e cuida dela. É assim que Cristo faz com a Igreja, porque somos membros do seu corpo. E então o homem deixará pai e mãe para se unir à mulher, e serão os dois uma só carne. Este mistério é sublime. Digo isto porque ele se refere a Cristo e à Igreja. Enfim, que cada um de vós ame sua esposa como a si mesmo e que a esposa respeite o seu marido."O tom das palavras de São Paulo quanto às responsabilidades no casamento parece ofender algumas pessoas, influenciadas pela filosofia dos movimentos feministas, onde o homem parece ter o papel aparentemente mais fácil no casamento enquanto que a mulher é "a vítima da repressão." Igualdade legal de direitos sob o ponto de vista de direitos civis não é a essência do casamento cristão. São João Crisóstomo diz que a mulher possui "uma grande qualidade que é a dignidade mas ao mesmo tempo o marido tem algo de superioridade.". Cada parceiro de um casamento cristão tem o seu papel e sua correspondente responsabilidade que está explícita e/ou implícita nas considerações sobre o casamento (Ef 5,21-33).

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